domingo, 7 de agosto de 2011

Aos que se Foram

Seria tão bom, ah! Como seria ótimo se só os desconhecidos morressem, porque eu não aceito perder nenhum de vocês, eu não acho justo comigo que vocês partam sei lá pra onde, e só deixem fotos, vídeos e recordações na minha memória. Como é difícil conviver com a idéia de que as pessoas que eu amo morrem ou morrerão um dia. Às vezes tenho quase certeza que ninguém morre, às vezes acho que vocês se escondem de mim, não é isso? Então eu peço encarecidamente a todos que por algum motivo se esconderam: Por favor! Apareçam que o meu espírito chora com saudades de vocês.

Às vezes penso no meu coração como uma casa, mas não uma casa qualquer, e sim, uma casa bem grande, cheia de quartos coloridos cercado de flores, com TV de tela plana embutida na parede, camas macias e quentes, água pura com encanamento vindo direto da fonte da juventude, passando pela estação de tratamento da fonte dos desejos, tudo para o conforto e bem-estar daqueles que habitam cada quarto dessa casa. Mas tenho andado meio triste com alguns moradores que simplesmente estão fugindo sem deixar vestígios, será preciso instalar câmera para monitorar vocês? Gente eu acho um absurdo saírem assim da minha vida sem me dizer nada. Se vocês pudessem ver quantas rachaduras se formam nas paredes desses quartos vazios, duvido que sumissem assim. Sinceramente, eu acho foda ter que rebocar meu coração todos os dias pra esconder as marcas...

Eu sei que não devia falar assim, sei que muitos dos que se foram talvez nem quisessem partir. Mas aos que ainda estão por aqui, eu peço: Cuide bem da sua vida, às vezes somos levados pelo instinto e nos perdemos no meu meio do caminho ou achamos o caminho e não nos deixamos levar pelo instinto. Viver é complicado e muito complexo, na pior das hipóteses faça o que o seu coração mandar. Não deixe que cinco minutos acabem com uma vida inteira, cuidado com as drogas, com a AIDS e o Câncer e saiba separar aventura de irresponsabilidade, o que eu não quero é chorar toda vez que entro nesses quartos vazios.

Uma Carta Sobre Ele

Ele gosta de dias claros, mas prefere escrever no seu canto escuro de onde pode ouvir os cantos dos pássaros que pousam em sua janela, as batidas das panelas na cozinha e os gritos de algumas crianças que sempre brincam pela rua. Tem dias leves, embora o trânsito e as pessoas que andam feito “baratas tontas” pela cidade fazem-no acreditar que mora no núcleo do inferno. Pensa em São Luis como uma cidade engraçada que tem um contexto histórico digno de uma grande capital e uma contemporaneidade que lhe dá nojo. Um jeito de fazer política desgastada e uma grande colaboradora da poluição do meio ambiente, a começar pelas praias e rios poluídos. Lembro que uma vez me falou: “Às vezes tenho vontade de fugir ou sumir daqui, mas já descobri que mal consigo passar sete dias longe de casa, conseguir eu até consigo, mas vou ficando doente aos poucos, deixando os meus pedaços antes de partir e com uma vontade de me colar imediatamente quando estou de volta”. Isso já gerou alguns comentários e lhe garantiu alguns títulos entre amigos, quando em meio a viagens resolvia voltar ou desistir na véspera, o mais leve: “Cagão”. Mas o que seus amigos realmente não sabem é do amor que ele tem pelo ambiente em que vive.
Talvez ele nem ame tanto a sua cidade, mas sim as pessoas que a completam (a vida dele).

Nunca foi um cara de levar a vida tão a sério, nunca fez a mãe acreditar que um dia se tornaria um médico, na escola sempre aprendeu só o que achava necessário pra si, estudava pra fazer notas, passar de ano e se livrar de algumas surras. Detestava matemática, física e química, mas sempre foi apaixonado pela geografia, para quem fez juras de amor eterno e que se pudesse lhe pediria em casamento. Quando terminou o ensino médio, a primeira coisa que exigiu da família foi um emprego, o plano era fazer dinheiro e sair de casa, não da cidade, recusara vários convites, Rio de Janeiro da avó, São Paulo de uma namoradinha, quase foge pro Amapá com um amigo, - “Mas nós vamos viver de que meu irmão?”. Trabalhou um ano e meio em um jornal, foi o seu primeiro contato com a responsabilidade, até então nunca tinham se encontrado, não tiveram um bom relacionamento, ela sempre exigente e ele nunca se tornaria um robô. O fruto doce dessa relação foi o despertar do seu interesse pela “Comunicação” que viria cursar anos depois, o fruto amargo é que na época nunca conseguiu fazer dinheiro suficiente para se tornar independente.

Creio que já sabia desde cedo das dificuldades que encontraria pela frente, perdeu o pai aos cincos anos de idade, era filho único, mas isso nunca chegou a ser um problema, por várias vezes se sentiu só, como todas as pessoas que sentem falta de afeto, carinho, companheirismo e principalmente de “um amor pra vida toda”. Sentia-se desprotegido em relação a tudo, principalmente nas confusões que arrumava com seus amigos, porque mãe sempre vai à luta em proteção a um filho (“mas por Deus”). Nenhum moleque merece ter a mamãe como “Mulher Maravilha”. Aterrorizavam-lhe dizendo: “Filho único sofre demais, é egoísta e não percebe, acha que o mundo gira a seu redor e tudo lhe pertence”. (Meu Deus que absurdo! O que vocês querem que eu faça!?)

Talvez só o seu próprio coração o compreenderia, a esse dera um apelido nada sugestivo. “Jesus! Meu coração é muito va-ga-bun-do”. A adolescência foi a fase mais cretina por qual ele passou, não era raro ele se apaixonar por 3 ou 4 pessoas ao mesmo tempo, lógico que muitas dessas paixões foram platônicas, ainda bem, porque era apaixonado pela amiga, e pela amiga da amiga, que era amiga da sua melhor amiga por quem era apaixonado também (Que sujeito mais cretino). Uma dessas paixões foi quem o apresentou (C.F.A), começou a ler para agradá-la, sentir-se um pouco mais perto da amada, ter sobre o que conversar. Mas a paixão foi embora e (C.F.A) ficou. Pensou a pouco tempo que talvez seu coração estivesse cansado ou já teria lido todos os livros sobre desilusões amorosas, já não se apaixonava mais. Diz-se maduro e seguro dos seus sentimentos, se é que existe alguma forma de segurança em relação a isso. Surpreendeu-se recentemente quando uma moça muito especial o fez sentir um gostinho que há tempos não sentia, nunca escondeu isso de ninguém, tem dificuldade de esconder a verdade, até tenta, quanto a isso se acha muito idiota. Pensa que poderia ser um pouco normal e mentir às vezes como todo mundo faz, mas como ele mesmo diz: "Qual é graça de ser quem eu sou e não fazer e nem dizer o que eu quero, o que penso ou que sinto?". Concluiu: - nenhuma.

Apaixonado pela vida, respira música e inspira poesia, A música é o que lhe move, os livros são o que lhe alimenta. Tem vários amigos, não consegue diferenciar uns dos outros, todos são e foram importantes para sua formação, e quando digo amigo, não quero dizer desses que você fala por casualidade, quero dizer desses que você passa a tarde enchendo a cara no apartamento ou rolando de rir pelas calçadas, desses que te ligam pra saber como você está “e por que sumiu seu filho da puta?” o que pedem para ligar a TV e ver de quanto o Palmeiras está ganhando do Flamengo. “Porra” até parece eu te espancando no videogame” Palmeiras 2 x 0 Flamengo. Recentemente uma amiga deu a melhor definição sobre a sua pessoa:

Ele diz: quero saber do estranho.
Amiga diz: estranho, como eu sou esquisita, sei lá...
Ele diz: Explique ou desenhe no espaço em branco abaixo...
Amiga diz: como uma pessoa consegue ser “Cachaceira-vagabunda-divertida-sensível-racional-depressiva- supersocial-triste-alegre” ao mesmo tempo?

Ele diz: “Acho que foi a melhor definição de todos os tempos da minha vida. Bom, faço o máximo pra ser autêntico e feliz, quem sabe um dia eu consiga juntar todos os pedaços dos meus sonhos e triscar apenas com as pontinhas dos dedos naquilo que acredito ser o amor. O bom mesmo é não deixar que a solidão nos acompanhe e sempre ficar perto das pessoas que nos amem de alguma maneira. Comecei a ficar rico sem dinheiro, depois que aprendi a amar”.

Ele poderia ser o cara da esquina, a moça da cantina, o velho sentado na praça. Ele poderia até ser você, mas ele sou EU...

“E se te faltarem palavras, me ame com os teus gestos”

By: tonny

Beijos...